ARTIGO ESCRITO POR RUBENS LEMOS FILHO
JORNALISTA
“Neste 15 de março de 2018, faz 31anos da
posse do governador Geraldo Melo no Rio Grande do Norte. Eleito pelo PMDB em
1986, de virada, com maioria de 14.072 votos(0,5%) sobre o deputado federal do PFL,
João Faustino(falecido), desmantelou um ciclo de 12 anos de poder (Tarcísio
Maia, Lavoisier Maia e José Agripino), protagonizando uma das mais acirradas
campanhas eleitorais da história.
Geraldo Melo, a exemplo do seu
correligionário Aluizio Alves, revertia os ataques adversários transformando-os
em marketing positivo. Pequenino, foi chamado de Tamborete, de forma jocosa.
Passou a fazer discursos em cima de tamboretes que viraram acessórios dos seus
eleitores, pendurados em janelas, expostos em calçadas, colados em roupas
quando feito miniaturas.
Inovar e surpreender marcaram a trajetória de
Geraldo Melo candidato. Seis meses antes da eleição, convocou uma imprensa
aturdida e afável ao poder vigente para comunicar que aceitava o resultado do
Ibope, apontando-lhe fragorosa derrota naquele momento. Mas que exigiria igual
comportamento dos oponentes e venceria a eleição. Viraria o jogo.
A diferença, que superava os 30 pontos, foi
caindo ao som das melodias contagiantes do Tamborete. “Sopra o vento, deixe esse
vento soprar, esse vento traz Geraldo e a nossa sorte vai mudar”. O
Catavento(hoje cata-vento com reforma ortográfica esdrúxula), símbolo de novos
tempos, incorporava-se ao ritual político potiguar.
Orador brilhante, conhecedor profundo da
economia do Estado, desde os tempos de jovem auxiliar de Aluizio Alves no
Governo do Estado, Geraldo Melo incorporou o sentimento oposicionista e cativou
o eleitor, coligado apenas com PCB e PC do B, saídos da clandestinidade um ano
antes, contra uma máquina de mais de 130 prefeitos e a força do ex-governador
José Agripino, no auge de sua liderança. Em 1986, Agripino seria eleito senador
pela primeira vez. A segunda vaga ficou com Lavoisier Maia.
A última pesquisa Ibope, dia 14 de novembro,
véspera da votação, apontava João com 48% e Geraldo com 47%. Empate técnico
rigoroso. A apuração começou com João Faustino liderando nos pequenos
municípios. Manual, a contagem mobilizou os dois lados, tensos e apostando em
cada candidato.
No quarto dia, uma sexta-feira, Geraldo Melo
ultrapassava João Faustino e impunha os 14.072 votos que o tornaram o primeiro
governador de um partido de oposição desde Aluizio Alves em 1960, pois o
Monsenhor Walfredo Gurgel sucedeu seu aliado Aluizio em 1965. O povo foi às
ruas, Geraldo discursou nas escadas da Tribuna do Norte/Rádio Cabugi e a
passeata se estendeu ao amanhecer de um domingo ensolarado de democracia.
Seu Governo empregou feroz política de
segurança pública equipando a polícia e criando tropas de operações especiais,
liquidou ou prendeu quadrilhas vindas do Rio de Janeiro, duplicou a Ponte de
Igapó, construiu hospitais regionais, ativou o Programa do Leite, o Programa
Peixe para o Povo e investiu alto na eletrificação rural, dentre outras obras.
Travou embates com sindicatos, em especial com o dos professores. Relembrar sua
posse, três décadas passadas, é dever histórico. E jornalismo não se faz sem
memória”.
FONTE – BLOG DE HEITOR GREGÓRIO
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